Yes, we can!

quinta-feira, 24 de março de 2011
Por Rogério Garcia

Dizem que a educação e a cultura são capazes de mudar pensamentos e posturas de uma sociedade.

Levando em consideração que nós da comunidade LGBT somos responsáveis pela maior parte do fazer cultural do nosso país, começo a acreditar que tem alguma coisa errada.

Vamos aos fatos: É notória a presença de Gays, Lésbicas e Trans em todos os segmentos culturais do país – Atores, diretores, maquiadores, Redatores enchem os nossos teatros e telenovelas de sonhos e questões pertinentes à sociedade. E o que falar então do maior espetáculo da Terra? O Carnaval Carioca e o Desfile das Escolas de Samba do Rio de Janeiro simplesmente não existiria sem nós gays, que estamos representados nos carnavalescos, coreógrafos, artistas plásticos, costureiros, diretores entre outras funções. Então, porque o ponto de mudança para discussões pertinentes ao nosso universo são tão difíceis de serem discutidas? Falta união? Falta foco? Porquê as bancadas políticas contra os nossos direitos são mais fortes e significativas?

Em 2009 remontei um espetáculo chamado “Todo Amor que Houver Nessa Vida”, com a direção magnífica da atriz Zezé Motta (sua primeira direção para o teatro). Nosso maior desafio foi fazer uma peça que não fosse comédia, com temática LGBT, num dos palcos mais respeitados do Rio de Janeiro: a Casa de Cultura Laura Alvim. Foi um sucesso! Casa lotada todos os dias. No entanto o que mais me intrigava eram os comentários de pessoas que iam assistir à peça achando que, pelo título, o espetáculo falaria da vida do cantor Cazuza. Uma vez ouvi de uma advogada: “Eu nunca imaginei que o relacionamento entre dois homens poderia ser tão bonito, tão normal”.

Chegou a hora de mostrar e exigir respeito! Chega de brigas internas, chega de falácia! Vamos agir: vamos mostrar que é possível uma sociedade menos desigual em todas as instâncias!

Cada um na sua arte, cada um com sua arma, cada um mostrando que “sabe a dor e a delícia de ser o que é”.

Sim, nós podemos!

Rogério Garcia é assessor de comunicação da CUFA-RJ e integrante da CUFA LGBT

Automediação dos meus conflitos

quarta-feira, 23 de março de 2011
Por Danillo Bitencourt

Há algum tempo, tem me chamado a atenção as questões que envolvem o universo homossexual. Nunca tive muita proximidade com esses assuntos e confesso que não entendo muito essa “sopa de letrinhas”: já foi GLS, agora LGBT... mas o que tenho observado é que hoje eles sofrem um tipo de perseguição e preconceito que eu já vi muito por aí.

Impressiona-me a necessidade que as sociedades possuem de encontrar sempre um segmento para o “linchamento público”. Exemplos não faltam na história da humanidade: isso já aconteceu com os hebreus, com os judeus, com as mulheres, ainda hoje existem resquícios em cima dos negros... e agora a “artilharia” pesada se volta contra os gays.   Não é simples  mesmo, por mais que sejamos abertos  para esse tipo de assunto, mas quando é o seu filho que chega em casa com  um namorado pode ser que sua postura se transforme num choque.

Outro dia eu estava no centro da cidade  a caminho de Madureira, o sinal fechou, o carro parou; Eu batia com os dedos no volante para apressar a abertura do sinal; do  meu lado esquerdo tinha um desses hotéis velhos, de centro da cidade, cuja porta tem  6 metros de altura e abre somente um lado.  De repente, saíram dois  negrões (eu posso):  eles conversavam naturalmente,  nada ali  chamava a atenção,  exceto  o tamanho deles  e as suas caras de tigre.  O sinal nada  de abrir. Até, em um dado instante,  os dois começaram a se beijar  do nada.  Como do nada?  Mas sim do amor deles  ou do desejo.  No entanto confesso que se eu tivesse de bicicleta eu tinha caído, afinal era a manifestação do meu preconceito se colocando diante do sinal verde;  pois o sinal abriu e as pessoas começaram a buzinar  e rir... Eu não, nem ri e nem buzinei... mas fiquei alarmado com a cena ...  afinal eu sempre ouvi dizer que " além de preto e pobre ainda é bicha?"  E  logo eu pensar assim se sempre lutei contra a discriminação?  Que tipo de homossexualidade que meus olhos aceitariam? Será que se fossem duas meninas novinhas, loirinhas,  eu ficaria menos tenso?  Sei lá! Deixa-meeu ir embora que o buzão está atrás de mim, metendo o farol no meu retrovisor. E os dois negrões?  Ficaram lá fazendo de duas línguas um turbilhão público...  E porquê não ?

Na ultima segunda feira , estava assistindo o programa da Luciana Gimenez, quando o tema é a relação entre as igrejas evangélicas e os gays.  Confesso que é muito confuso para ser debatido em televisão, sobretudo pela condução.  A bala ta comendo, tiro pra todo lado. Piadas, agressões e deboches. O que não falta é tensão.  A única coisa que esta posta que todos concordam é que “Deus te ama".  O programa já estava acabando e não deu para eu pegar o nome de todos; mas não importa, vou tentar escrever meu sentimento e minhas inclinações  e se, porventura, parecer que eu sou homofóbico, calma!, não sou; se sou, não quero ser. Não me acuse , me ajude.  Mas não vai ser preciso, eu definitivamente não sou, a pesar do susto.

Bem, o que faz uma pessoa superior à outra? Com certeza não é a cor da pele ou gostar de pessoas do mesmo sexo. E quando o sujeito é preto, pobre e gay então, fudeu! E é por isso que estamos lançando um grupo de rap gay: o Gangsta G, que é formado por vários homossexuais, o que tem causado uma confusão enorme no rap e no hip hop.

Um dos integrantes do grupo é evangélico e ele tem contado coisas incríveis sobre sua vida no templo religioso,   como eu não sabia a que existia essa vertente religiosa,  resolvi acompanhar de perto e até a fazer um documentário sobre a vida do grupo e desse jovem gay religioso,  o programa acabou de acabar  a discussão foi exótica , não  pelo tema, mas pela abordagem. 

Eita, são nove minutos de quarta feira agora, tenho que correr... Vamos lá... Vamos lá nada. Vou deixar o Danillo escrever sobre isso, pois estou com sono  e confuso: ele é autoridade no assunto.  Danillo escreve esse texto pra mim. 

Então, Celso, seu pedido é uma ordem... Vamos conversar um pouco sobre isso.

A temática da homossexualidade (e o correto é homossexualidade, pois homossexualismo referia-se a doença, mas saiu do rol das patologias desde 1993 da Classificação Internacional de Doenças - CID - graças ao empenho do movimento homossexual brasileiro iniciado em 1985, quando da retirada pelo Conselho Federal de Medicina do termo nas classificações das doenças brasileiras) ainda é um assunto que provoca rupturas em nosso pensamento, enfreado por uma cultura heteronormativa que classifica a heterossexualidade como o aparato normal das relações humanas, esquecendo da transitoriedade que a sexualidade pode assumir num continuum que varia desde a homossexualidade exclusiva até a heterossexualidade exclusiva, passando pelas diversas formas de bissexualidade.

Quando a Central Única das Favelas, entidade construída com valores baseados na cultura de periferia e na luta social do jovem cidadão vindo de espaços socialmente excluídos, pensou na criação de um grupo de rap formado por pessoas cuja orientação sexual possa ser (ou não) diferente da sua, a primeira perspectiva foi a de incluir. Incluir, digamos, no sentido real da palavra, de chamar para perto todos aqueles que, independente das condições escolhidas para viver, são cidadãos e fazem parte deste referencial de sociedade democrática e de direitos. Foi assim que propomos, então, a criação de um grupo de rap formado por pessoas homossexuais, o Gangsta G, constituindo na cultura da periferia mais um espaço legítimo de divulgação não do conceito ou da orientação sexual das pessoas, mas um local de informação sobre a necessidade que devemos entender o outro como um ser humano, cujas especificidades possam ser ainda não reconhecidas em seu dia-a-dia.

O Gangsta G é um desejo que está sendo analisado, discutido. Estamos, e se pode perceber no próprio site da Cufa, sendo rebatido por vários comentários sobre a criação deste grupo. São pouquíssimas as pessoas que concordam com essa nova atitude do movimento hip hop brasileiro, capitaneado pela Cufa. É com nosso esforço, nossa atitude, que iremos povoar a mente das pessoas com novas idéias, novas compreensões e entendimentos. É isso que estamos necessitando: de uma força tarefa dentro de nossa entidade para que esses assuntos sejam tratados de forma mais igualitária, com o devido respeito que todo ser humano deve ter, independente de sua orientação sexual.

Precisamos entender que algumas de nossas atitudes possam transferir posicionamentos homofóbicos. Homofobia caracteriza o medo e o resultante desprezo pelos homossexuais que alguns indivíduos sentem. O termo é usado para descrever uma repulsa face às relações afetivas e sexuais entre pessoas do mesmo sexo, um ódio generalizado aos homossexuais e todos os aspectos do preconceito heterossexista e da discriminação anti-homossexual.

Cantar rap, no sentido tradutório da palavra, é bater o papo, exprimir opiniões sobre determinados assuntos que ainda não estão em voga na nossa sociedade. Assuntos, estes, em sua maioria, que mostram a real face da vida em comunidade, na favela, colocando em xeque as relações sociais estabelecidas pelo viés dos pré-conceitos inferidos em nosso cotidiano. A orientação sexual de quem vai bater o papo não tem nenhuma interferência com a qualidade musical produzida. O fato é que a poesia e a rima de um grupo de rap formado por homossexuais continuarão sendo letras de protestos a essa nossa sociedade excludente e condenatória. O rap dos homossexuais é o papo da vida de pessoas que estarão apresentando a todos nós um novo conceito de família, de relacionamento, de convivência amorosa. Um conceito de direitos humanos, de igualdade na diversidade.

Sendo assim, indagados por inúmeros comentários sobre a possibilidade da criação de um Gansgta G, a Cufa estabeleceu um fórum de discussão sobre o assunto em seu site nacional. Surpreendentemente, a maioria das opiniões ali divulgadas representa o desconhecimento de muitas pessoas no que tange ao direito humano de ser entendido em sua especificidade, de ser compreendido como um cidadão de bem, de respeito e de valor. Valores estes que vão além da cor, da orientação sexual, da idade... São valores de direitos. E para se ter direito, basta ser humano.

A CUFA convida a todos para, juntos, embalarmos no espaço musical brasileiro a oportunidade de cantar histórias de vida de gente igual a gente, cuja orientação sexual possa ser ou não diferente da nossa. É hora de colocarmos na rua, das cidades brasileiras, toda a alegria e colorido da vida promulgada sobre os valores da fraternidade, liberdade e igualdade. Vamos, CUFA Brasil, com coragem e vontade, cantar a diversidade sexual de nosso povo...

Beijos coloridos do Danillo Bitencourt.

Danillo Bitencourt é ex-presidente nacional da CUFA e hoje coordena um novo momento da Central Única das Favelas que, pontualmente, entendeu a necessidade de discutir essas demandas dentro da entidade e, por consequência, no espaço das favelas. Danillo participa, desde então, o nosso Núcleo LGBT, onde estão sendo pautados atos e ações de promoção da cidadania e direitos humanos de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais.

Estamos hoje vivendo um grande momento...

segunda-feira, 21 de março de 2011
Por Wellington Alvarenga


...Um momento de descoberta. Na verdade, de redescoberta, onde sabemos e aprendemos a conviver em sociedade.

A origem da palavra “sociedade” vem do latim societas, uma “associação amistosa com outros”. Societas é derivado de socius, que significa “companheiro”, e assim o significado de sociedade é intimamente relacionado àquilo que é social. Está implícito no significado de sociedade que seus membros compartilham interesses e/ou preocupações mútuas sobre um objetivo comum. Como tal, sociedade é muitas vezes usado como sinônimo para o coletivo de cidadãos de um país governados por instituições nacionais que lidam com o bem-estar cívico.

Em Sociologia, uma sociedade é o conjunto de pessoas que compartilham propósitos, gostos, preocupações e costumes, e que interagem constituindo uma comunidade.

Pois bem, este é o momento. Vamos interagir! Nós (a “sociedade”) devemos desconstruir o preconceito em relação aos homossexuais!

Primeiro: não existe um gay mau-caráter, ou repugnante, ou, ainda, vulgar. O que existe são pessoas de má índole, sejam elas homo ou heterossexuais. Pessoas são assim (ou não), e não se pode rotulá-las por conta de suas orientações sexuais. É errado fazer isso!

Hoje é o momento que todos nós buscamos. Queremos viver a “sociedade” em sua extrema significância, pois todos – homens, mulheres e principalmente as crianças gays – têm o direito de viver em sociedade.

Mas como agir se nem mesmo um educador sabe interagir com esta diversidade?

Agora é a hora de trocar, mobilizar, coexistir e dividir, para construir uma nova convivência de respeito amor e fraternidade em nossa existência. Por que dizer somente após a morte de alguém que "ele era tão legal..."? Não dá mais!

Wellington Alvarenga é membro da CUFA LGBT e integrante da CUFA Rio de Janeiro

Os gays e o rap do improviso

Texto de Celso Athayde, publicado em seu site em 11/06/2010

Essa minha convivência atual com o Núcleo de Gays da Cufa, ou melhor (nem sei se é melhor) , mas "politicamente correto" falando, com o Núcleo LGBT me fez, e faz, compreender muitas coisas ou algumas poucas. Se eu estiver errado, me corrijam, afinal nem sei por quanto tempo duram esses termos formais. Isso me lembra um fato que me ocorreu há um tempo atrás numa reunião com as amigas da UNESCO. Eu estava falando sobre os deficientes físicos, quando ao me tocar da "gafe" dita, bati na boca na hora como quem falou bobagem, até que uma delas quase que no mesmo momento me indagou perguntando qual era o problema, referindo-se a minha ação anterior. Prontamente eu respondi: - "Eu quis dizer portadores de deficiência, certo?" Errado! Elas me disseram que falar deficiente físico voltou a ser uma expressão correta. Sendo assim, pra que tanto esforço para achar o termo correto, se ele muda o tempo todo?

Porém, tantas mudanças no nome não foram infelizmente, o suficiente para acabar com o preconceito que nos acompanha a séculos, uma vez que o homossexualismo não seja algo que surgiu nos tempos modernos, existe desde da Grécia antiga, quando vários imperadores gregos foram gays e/ou bissexuais. Eita! O que é que eu estou falando? Ah, já que comecei, agora vou adiante...

A partir da Idade Média, quando a Igreja Católica assumiu o poder do mundo, vários trechos da Bíblia já tinham sido mal traduzidos e, consequentemente, foram, além de tudo, mal interpretados. Claro que nesses casos de interpretação, cada qual com seu cada qual, mas foi aí que começou todo o preconceito, não somente contra os homossexuais, mas também contra negros, outras religiões, etc. Ainda nessa época, a própria Igreja condenava à morte aos gays, as lésbicas, as mulheres que não casavam (pois acreditavam que elas eram bruxas), e foram à caçada de negros africanos para escravizá-los. Se isso é verdade eu não sei, mas considerando que um preconceito injustificável existe atualmente, eu imagino que seja. O Danillo, um rapaz afeminado da Cufa de Salvador-BA, foi quem me presenteou com um livro que falava sobre tudo isso.

Mas chega de histórias. O mundo real é que hoje nós resolvemos criar um grupo de rap gay. Analisando bem, não se tem nada demais, afinal existe grupo de rap de todo tipo: de maconheiro, gospel, de favela, de boy, feminino; enfim, de tudo. Então, por que não de gays? Quem disse que gays não podem cantar rap? Qual é a lógica do preconceito no rap, se já fomos e somos muito discriminados desde o ínicio da nossa história? De tudo que conheço sobre o rap (ritmo e poesia), e desculpa ai, mas disso eu entendo um pouquinho, sei que não se deve ter preconceito em nenhum sentido.
Tamanho é meu conhecimento no mercado do rap, que me dá até o direito de desmoralizar o Rap no Brasil gravando um CD com duas faixas, uma com um puta de um produtor chamado Zé Gon e, talvez, eu também dê uma chance a outro produtor, o Ganja Man, no qual, terão o privilégio de colocar suas mãos na minha arte de rimar. Claro que não canto nada, mas nem sei se precisa mesmo, pois se os caras forem bons, basta fazer uma batida de sucesso e eu falar algumas palavras sobre a base e ai e só deixar o meu estrelato chegar.


Mas voltando ao assunto, analizando em todas as vertentes o significado do rap e a cultura hip hop em si, nada leva a crer , que tenha sentido algum, qualquer tipo de preconceito quanto à orientação sexual de um grupo de rap. Mas como eu não sou gay, e muito menos MC (por enquanto), eu vou é ficando por aqui, deixando esse papo de lado.


Aproveito pra pedir a você uma sugestão de um nome artístico pra mim e encerro o artigo, iniciando uma carreira:

Artista:
Celso Athayde

Nome artístico: Dependo de vocês!

Estilo : Herói (Não desejo ser vilão. Esse sempre se ferra no final)

Produtores: Zé Gon, Ganja Man e Dj Hum (Não vou pagar nada a eles. Os três estão com o burro na sombra)

Gravadora: Não tem, não vou vender cd. Irei apenas colocar na rua e fazer muitos shows com um dos três produtores e meus DJs (Outra, não irei dar entrevista porque não tenho nada pra dizer e minha contribuição mais consciente é não falar uma palavra e meter marra)

Resultado: Sucesso

Postagem original, clicando aqui.

Do Direito das Mulheres Negras se Sentirem Mulheres

segunda-feira, 7 de março de 2011

Por Neusa Baptista, Núcleo Maria Maria CUFA MT

Há cerca de duas semanas, cortei curtinho meu cabelo. O cabelo, aliás, me surpreende a cada dia com sua capacidade de revelar e provocar. Foi o que aconteceu desta vez.Por onde eu andava, cabeças masculinas e femininas se viravam para ver meu cabelo. A princípio, pensei comigo mesma: o que foi que eu fiz? Sentia-me menos mulher e ao mesmo tempo pensava: agora preciso me vestir com muita feminilidade, pois com este cabelo curto, posso passar por homem. De repente me vi numa loja de 1.99 em meio a tic tacs, lacinhos, brincos coloridos e outras coisas. Na ânsia de mostrar o quão feminina era, tornei-me mais feminina mesmo. Em atos e palavras. Por que isso não tinha acontecido antes? Com meu cabelo crespo e curto, recebi muitos olhares de reprovação, riso, espanto. Além de crespo, ainda curto! Pasmem! Comentei com meu cabeleireiro (Jair Vip’s, um beijo!) que “mulher de cabelo curto sofre preconceito” e ele ficou espantado!

Aos poucos, fui me acostumando e aprendendo a ‘dominar’ o meu curtinho, de modo que ele parecesse ao mesmo tempo, natural e bem cuidado. Engraçado, é só a gente começar a se achar bonita que as pessoas em volta fazem coro! O contrário também acontece, claro. Quer que os outros falem bem de você? Comece a falar bem de você. E isso não pode ser do tipo “Eu sou o máximo”, mas do tipo “ Nós podemos ser o máximo juntos”. Piegas né? Não consegui pensar em nada melhor. rs. Enfim.

O meu cabelo curtinho me obrigou a pensar mais em minha feminilidade. E isso se deu ainda somado ao fato de ele ser crespo. Isto é, geralmente, os homens negros utilizam o cabelo raspado e as mulheres alisado. Portanto, o fato de eu ser negra não me ajudava muito mesmo. Mas se tem uma coisa que eu gosto é de chamar a atenção para o meu cabelo! Sério. Quando meu cabelo não chama a atenção, eu acho que ele não cumpriu seu papel, que é o de ser mensageiro de algo positivo sobre a negritude. Enfim. Tal como ocorreu há muitos anos com o meu penteado rastafári, o curto que a princípio parecera ‘feio’ e ‘masculino’ se revelou, na verdade, versátil, irreverente, delicado e feminino!

Mas  a meu ver, isso só aconteceu porque era crespo, e porque eu sou negra, e sou mulher. Muitos papéis, significados, lugares, atitudes a tomar... Para pra pensar: se a mulher branca (ou não negra) já tem problemas, pensa na negra. Pensa. Então, por isso quando vejo uma mulher negra se destacando, não sei da vida íntima dela, mas imagino que deva ter enfrentado alguns obstáculos que poderiam ter sido evitados se o País fosse menos racista, machista etc.

Por isso, neste 8 de Março, um abraço especial a todas as mulheres pretas (negras, pardas, índias, gordinhas, baixinhas, comuns) do Brasil.

Neusa Baptista é autora do livro infantil "Cabelo Ruim?"

Vídeo produzido pela CUFA PB discute a diversidade sexual

quinta-feira, 3 de março de 2011


Assista o vídeo produzido pelo núcleo de audiovisual da CUFA PB, durante o I Seminário sobre Segurança, Justiça e Cidadania LGBT que aconteceu no ano passado entre os dias 25 e 26 de Setembro.

O evento conta com a organização do Movimento do Espírito Lilás (MEL) e do NUDAS e com a participação mais que especial da CUFA PB, coordenada por Kalyne Lima.
 
© CUFA LGBT - Favelas, Diversidade & Direitos Humanos | Webmaster: Hugo Rafael.